terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Açores: a Natureza Viva, com respingos de Sangue!

O II Fórum Taurino, realizado no final do mês de Janeiro, começou e acabou sobre onda de protestos de natureza variada.

Naturalmente houve legitimidade para agir pela defesa, respeito e bem-estar dos animais como foi o caso da ANIMAL (ler aqui) e do PAN (ler aqui).
Houve ainda contestação de grupos de cidadãos perante uso de dinheiros públicos, ao qual este blog se associou (ler aqui e aqui).
Também agentes culturais manifestaram-se contra os apoios financeiros da Direcção Regional da Cultura e Direcção Regional do Turismo a práticas que envolvam sofrimento animal (ver aqui).
Ainda houve quem mostrasse indignação perante a diferença de apoio do Governo Regional a um Forum Taurino (75 mil euros) e às Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres (28 mil euros), tendo em conta que a dinamização social, cultural, turística e económica é infinitamente superior (ler aqui).
Forças partidárias como "Os Verdes" não quiseram deixaram passar o acontecimento em silêncio (ler aqui).
Por fim, mas não certamente o último, também um Médico Veterinário manifestou o seu desagrado perante a realização do dito Fórum (ler aqui).

Mas perante tanto protesto, afinal quais foram as reacções? Uma trapalhice total, pode-se dizer!

Comecemos pelas Cartas de Protesto.
As Cartas de Protesto enviadas ao Governo Regional, com o conhecimento da Assembleia Regional, deram azo a memoráveis trapalhices da própria Assembleia e de alguns deputados.
A Assembleia decidiu tornar Cartas em Petição. Ora, até hoje questiona-se a legitimidade da Assembleia em pegar em algo, que não é dirigido aquele órgão, e transformar no que lhe apetece.
Não satisfeitos, alguns deputados como Berto Messias PS (ler aqui), Catarina Furtado (PS) e mais tarde António Ventura (PSD), decidiram lançar foguetes e fazerem a festa sozinhos, com histórias mal contadas de petições e pedidos para ouvir hipotéticos peticionários (ver noticia aqui).

Num acto cívico e de boa vontade, alguns cidadãos empenharam-se em esclarecer à Assembleia e eventuais parlamentares com dúvidas, que não existia petição e que as Cartas foram dirigidas ao Governo Regional, desconhecendo-se também a intenção da Assembleia a ouvir A ou B (ler aqui e aqui).
Semanas depois, lá a Assembleia acabou por assumir a inexistência da tão mediática petição (ver imagem 1).

Entretanto decorreu o dito Fórum (cuja língua mais falada foi o Espanhol) tendo-se tornado, lamentavelmente, num espaço de onde saíram ataques a cidadãos que fazem uso do seu direito à participação e protesto social (ver imagem 2). Independentemente das razões pelas quais cada um se manifestou contra a realização do Fórum, foram todos apelidados de "anti-taurinos" (ler aqui).
Do continente, em desespero de causa, as pessoas que vivem à custa da tourada saíam em defesa do negócio nos Açores, afirmando que a tauromaquia não recebem qualquer subsidio do Estado (ler aqui).

Na televisão, num programa de Opinião Pública (Estação de Serviço) o defensor da tauromaquia, Maurício do Vale, fundamentava os seus argumentos com base num estudo feito pelo Professor Illera que diz que os touros sofrem menos, até ser confrontado com uma telespectadora angrense que relembra-o do facto da comunidade cientifica nunca ter validado e aceite o tal estudo (referência aqui), tendo terminado ali qualquer outra hipótese de defesa da tauromaquia com base em argumentos científicos.
Numa outra tentativa desesperada de defender a Tauromaquia, um médico veterinário e ganadeiro, Joaquim Grave, em entrevista ao Diário Insular, afirma que um animal não sofre. Que pode sentir dor mas que a dor é uma coisa opcional (ver imagem 3).


O Fórum acabou mas continuou a dar azo a expressões de repudio relacionadas com a tauromaquia.
Um Terceirense ligado ao Bloco de Esquerda, no seguimento da posição do BE a nível nacional (ver video aqui), publica um "Show Tauromáquico" (ler aqui).

Por todo o país são divulgados os financiamentos públicos, em Milhões, à tauromaquia nos Açores (ver aqui).
Consequentemente, em São Miguel um grupo de cidadãos leva a cabo uma acção contra o Financiamento Público à Violência (ver aqui), inciativa apoiada por outros colectivos e associações (ler aqui). Os participantes ainda se viram confrontados com a necessidade de esclarecimento público a noticias manipuladas (ler aqui).


Das entidades governamentais nada se ouviu, já sabemos que quem cala consente, mas do lobby tauromáquico surgiram variadas reacções, sendo a mais "interessante" a de que as criticas, aos valores do financiamento à tauromaquia divulgados, não são éticas (ler aqui).

Os Verdes voltaram a questionar o apoio do Governo Regional, desta vez com um gravissimo acréscimo de imagens de uma Sorte de Varas (prática ilegal nos Açores) a se ter realizado à porta fechada no Fórum Taurino (ler aqui).

Mais recentemente, da sociedade civil açoriana, surgem mais manifestações de descrédito nos fracos e parcos argumentos que defendem a tauromaquia (ler aqui).


Foram assim os últimos dois meses nos Açores.
Talvez fosse tempo do Governo Regional tomar uma atitude exemplar, com base em fundamentos científicos, económicos, ecológicos, justos, pela dignificação da nossa sociedade, da nossa terra e da humanidade.



(Imagem 1)

(Imagem 2)

(Imagem 3)




Imagens retiradas da página da ATA